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Snujs na Dança do Ventre.

Atualizado: 22 de jan.


Os snujs são instrumentos musicais de percussão utilizados tanto por musicistas quanto por dançarinas.


As bailarinas de dança do ventre e as orquestras que as acompanham utilizam os Snujs em dois pares. Estes pequenos címbalos de metal são colocados nos dedos médios e polegares, e tocados alternadamente, produzindo um som agudo.

Em outras circunstâncias podem ser utilizados de maneira diferente.



Snujs na Dança do Ventre - Álika com Snujs próximos ao quadril.

Existe uma grande variedade de Snujs, eles diferem em diâmetro, espessura e design. Cada tipo produz um som específico. Além do formato, o tipo de metal utilizado é um fator que influencia o timbre do instrumento. Geralmente os Snujs são fabricados em latão (cobre + zinco) ou bronze (cobre + estanho), o mais presente no meio da Dança do Ventre são os Snujs de latão.


Os snujs também são chamados de zagat, crotales, zills e finger cymbals.


A utilização deste instrumento na dança do ventre está presente tanto entre as dançarinas "eruditas" quanto entre as dançarinas de tradição popular, como as soumboteias e as ghawazee, por exemplo.


Seu uso embeleza ainda mais a dança e demonstra a habilidade e sensibilidade musical da bailarina. Snujs fazem parte da dança do ventre há mais de 2000 anos.


Nos anos 60 a.C. dançarinas da Síria foram contratadas em Roma, e consta uma citação de Propertius, poeta elegíaco da Roma antiga, acerca de um grupo de dançarinas: “elas dançavam danças sensuais ao som de flautas e se faziam acompanhar de snujs”.


Na Universidade de Cornell nos Estados Unidos, um papiros com um contrato entre uma dançarina egípcia e seu empregador: “Para Isidora, de Artemísia da cidade de Filadélfia, dançarina de snujs: Eu solicito que você, acompanhada de uma outra dançarina de snujs, no total duas, de animar as festividades em minha casa por seis dias (...)”.


Não se sabe ao certo a data em que o uso destes címbalos, os Snujs, nesta forma como conhecemos hoje, começou. Instrumentos semelhantes vêm sendo utilizados desde a Antiguidade, o mais provável é que tenha se derivado do sistro. O sistro é também um instrumento de percussão, encontramos registro de seu uso em 2700 a.C. A maior parte era feita em bronze, as outras materias primas utilizadas para o feitio do sistro eram madeira e faiança (tipo de argila egípcia). O formato é semelhante a um “Y”; um cabo com uma alça, e nessa alça barras de metal com platinelas. Haviam dois modelos de sistro, o Naos sistro e o Shm sistro. O primeiro, bifrontal, em forma de capela, com imagem de Hathor na forma de Ísis em oposição a Nephthys; o segundo em forma de Ank, com barras e platinelas, com ou sem a imagem de Hathor.

O sistro é utilizado ainda hoje na Etiópia, em algumas tribos indígenas da América do Norte, e também em grupo étnico da Argentina.


Merit Aton, estudiosa da Dança do Ventre, cita como possíveis antecessores dos snujs, os mainites, que descreve como pequenos pratos de metal unidos como uma pinça; ou o sakhan, pequenas conchas de madrepérola ou madeira unidas por um barbante. Este segundo me parece semelhante ao kartál indiano, já o primeiro, conheci pelo nome de crotalo, e talvez mainites seja uma interpretação do menit egípcio, acessório cerimonial associado à Deusa Hathor.

Durante o festival de Hathor, as sacerdotisas da deusa iam de porta em porta chacoalhando menit e sistro, a fim de dotar os habitantes de cada casa com as graças da vida, saúde e renascimento.


Desde os tempos antigos até a atualidade, o tilintar de instrumentos metálicos como sistros, guizos, sinos, címbalos, gongos e afins são associados a funções como proteção, purificação, invocação, comunicação espiritual; e estão presentes em diversas práticas religiosas em diferentes partes do mundo. Desta forma, temos a opção de envolver os snujs, simbolicamente, neste aspecto sagrado, em criações artísticas de Dança do Ventre.


No entanto, hoje em dia, eles são tocados principalmente num contexto de festividade e alegria. Wendy Buonaventura nos conta que antigamente havia uma tradição de dançarinas do Egito e da Turquia que utilizavam os snujs para criar seu próprio ritmo ou intensificar os elementos percussivos da música; e que por volta dos anos 80/90, nos casamentos, a profissional de Dança do Ventre, fazendo soar os snujs, anunciava a chegada da noiva instantes antes de sua entrada. Estaria ainda viva esta tradição nos dias de hoje?

Nos conta também que as dançarinas dos cabarés, ao dançarem por entre as mesas, tilintavam os snujs no final da música como um sinal para receberem "el nokta", o dinheiro ofertado dos espectadores diretamente para a bailarina.


Quando assistimos às filmagens ainda em P&B das dançarinas egípcias dos anos 50 em diante, os Snujs saltam aos nossos olhos. Elas o utilizavam com muita frequência e com uma habilidade admirável, Naima Akef é um dos exemplos, e por volta dos anos 80, Fifi Abdo, entre várias outras referências da Dança do Ventre.


Atualmente este instrumento aparece menos entre as bailarinas egípcias mais pops, mas segue inseparável das mãos ghawazee de Khairiya Mazin em suas danças.


Por outro lado, as bailarinas americanas o utilizam bastante, seus Snujs são de ótima qualidade sonora e sua técnica é bastante refinada, e para além da dança do ventre, tornou-se um acessório indispensável no estilo de dança moderno American Tribal Style.


Aqui no Brasil o acessório é utilizado pela maioria das bailarinas profissionais, fazendo parte da rotina do show tradicional de Dança do Ventre, uma cena com Snujs.


Os Snujs na Dança do Ventre são acessórios versáteis no que se refere a estilo musical e figurino. Adequam-se a músicas clássicas, tradicionais, folclóricas, modernas entre outras; e não exige figurino específico, sendo que este dever estar coerente com a proposta coreográfica da dançarina.

A profissional de Dança do Ventre Holística Álika está acocorada próxima de alguns Snujs e um livro, ministrando aula sobre Snujs na Dança do Ventre
Álika ministrando curso sobre Snujs na Dança do Ventre

Para tocar e dançar simultaneamente é necessário que a bailarina pratique com alguma frequência para desassociar os movimentos dos dedos de outros movimentos do corpo. Além disso, por se tratar de um instrumento, é importante conhecer os principais elementos que compõem a estrutura musical, possibilitando, assim, um diálogo entre os snujs e a música durante a dança.


Em linhas gerais, de forma bem resumida, enfatizo aqui que o estudo aprofundado das estruturas musicais vai muito além do que descrevo neste parágrafo, a música contém um andamento, um ritmo de base, uma melodia e o elemento que se refere às relações entre estes três anteriores. Alguns estilos musicais são mais simplificados nestes aspectos e outros mais elaborados. Desta forma, a bailarina pode utilizar os Snujs na Dança do Ventre marcando o andamento, ou marcando o ritmo, ou acompanhando a melodia, ou criando frases diferentes destas três marcações, mas respeitando a estrutura da música como um todo.


FONTES DE PESQUISA: Serpent of the Nile: Women and Dance in the Arab World – Wendy Buonaventura. When the Drummers were Woman – Layne Redmond.NY: Three River Press, 1997. Música, Cérebro e Êxtase – Robert Jourdain. São Paulo. Ed. Objetiva, 1998. Dança do Ventre, Dança do Coração - Merit Aton. São Paulo. Ed. Radhu, 2000. Revista Khan el Khalili vol. 2 . E principalmente minha experiência pessoal no meio da dança. (Álika)


DIREITOS AUTORAIS: Agradecemos o compartilhamento deste conteúdo desde que sejam preservadas a sua originalidade, integridade e sentido, sem prejuízo à compreensão do mesmo, e mantido o crédito à autora: Álika ~ Dança do Ventre Holística @alika.dancadoventreholistica


PS. Você dançarina que quer aprender mais sobre os Snujs na prática, vai gostar de conhecer o Ebook SNUJS NA DANÇA DO VENTRE



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